Falando sobre ancestralidade em Mato Grosso do Sul, o espetáculo “Terra Brava” estreia às 16h de 10 de dezembro, na Associação Lar do Pequeno Assis, em Campo Grande. A classificação é livre e a duração total é de 45 minutos
Escrito por Nathália Maluf, com colaboração de Dora Gomes e dirigido por Lígia Prieto, o espetáculo explora temas de pertencimento, ancestralidade e resistência, inspirados na história familiar da autora, neta de nordestinos que migraram para MS.
Em cena, os atores Nathália Maluf e Tero Queiroz executam uma performance que mescla elementos teatrais e circenses. A trama gira em torno de Maria e José, um casal que enfrenta dilemas no coração da terra e na alma, em busca de uma vida melhor. Enquanto José quer partir, Maria deseja permanecer ligada à terra.
Ao longo da história, os personagens representam a luta pela sobrevivência e o desejo de mudança, referenciando a jornada de diversos povos, como nordestinos, indígenas, quilombolas e camponeses.
“Apesar do texto do espetáculo retratar a história de um casal de nordestinos, os personagens da obra carregam consigo esse sonho de pertencimento, a luta e a resistência de uma terra que é sua por direito e a aspiração de uma vida mais generosa. Assim, Terra Brava, que também retrata na dramaturgia a ancestralidade indígena do personagem José, é terra de retirante nordestino, mas também de indígena, e quilombola, de sertanejo, de camponês e de todos aqueles que se veem obrigados, em determinado momento da vida, a partir ou lutar para ficar, mas sem perder a bravura e o almejo de preservar sua própria história e sustentar sua identidade”, introduziu Nathália.
Ainda de acordo com a autora, o resgate memorável que o espetáculo tem como proposta é para que cada um, dentro do que entende por sua própria territorialidade, visto que o Brasil é um campo de muitos sujeitos, em processos contínuos de desenraizamento e enraizamento. “Além de sermos todos frutos tanto da imigração quanto da migração dentro do próprio país, seja ela vivida por nós ou por nossos pais, avós ou antepassados, nos sintamos de certo modo identificados com a própria história da obra”, explicou.
A autora apontou que o encontro entre o circo e o teatro, que o processo trouxe, é marcado pela sinergia corporal e dramática das duas linguagens. “Então, o circo aqui reconfigura tanto o corpo do ator e da atriz para a cena quanto a própria linguagem cênica. Por exemplo, além dessa coisa de não separar texto versus virtuose, como falei no áudio, e sim aproveitar o repertório dramatúrgico como um todo, ainda temos uma estrutura em cena, que não só compõe o cenário, a estética ou serve para ancoragem de aparelhos, como geralmente estamos acostumados a ver, mas ela é também o nosso próprio aparelho em cena e acaba virando uma extensão do nosso próprio corpo ali”, acrescentou.
Ela ainda celebrou que Terra Brava seja um trabalho artístico escrito e dirigido por mulheres. “Com esse espetáculo, eu acho que a cidade, o espaço, acaba democratizando o fazer artístico, porque produções assinadas, a dramaturgia minha, assinada e dirigida por mulheres, a dramaturgia minha, a gente tem uma mulher na direção, a Lígia, ainda é muito pequena, se comparada a produções realizadas por homens aqui”, completou Nathália.
A diretora Lígia Prieto contou que o caminho aconteceu em um processo da Escuta da Criação. “Não há uma imposição da criação, em que eu, enquanto diretora, marque toda a cena ou conduza especificamente para algum tipo de ação. A gente trouxe durante o processo muitas experimentações, tentativas de encontrar as palavras que foram escritas pela Nathália e que trazem a trajetória, as histórias que ela queria partilhar, dentro dos corpos das pessoas que estão em cena”, explicou.
WORKSHOPS GRATUITOS
Além das apresentações, a Cia Apoema oferecerá dois workshops gratuitos em Campo Grande, explorando a interseção entre circo e teatro.
O primeiro workshop, “Circo-Teatro: Um Borrar de Fronteiras Brincante”, é voltado para crianças acima de 5 anos e adolescentes. Ele oferece uma vivência lúdica, abordando acrobacias, malabares e técnicas circenses presentes no espetáculo “Terra Brava”. O workshop será realizado nos mesmos bairros das apresentações.
O segundo workshop, “Um Borrar de Fronteiras: Circo, Teatro, Corpo Cênico e suas Possibilidades”, destina-se a artistas, professores e público geral. Com duração de 4 horas, será realizado no Ateliê Ramona Rodrigues e visa aprofundar o processo criativo do espetáculo e fomentar a troca cultural.
As inscrições para o segundo workshop são limitadas a 20 participantes. Caso o número de inscritos ultrapasse a capacidade, vagas serão destinadas a indígenas, negros e a comunidade LGBTQIA+.
Ambos os workshops são gratuitos e têm como objetivo ampliar o acesso às técnicas circenses e teatrais. O projeto é incentivado pelo Fundo de Investimentos Culturais de Mato Grosso do Sul (FIC/MS) de 2022, com gestão da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul e da Secretaria de Esporte, Turismo e Cultura (Setesc).
Os interessados devem se inscrever pelo link clique aqui.
PROGRAMAÇÃO
Apresentações e workshops em Campo Grande (MS):
- 10/12 – Associação Lar do Pequeno Assis, 16h (Apresentação)
– 11/12 – 8h (Workshop) - 12/12 – EE Clarinda Mendes de Aquino, 9h (Apresentação)
– 12/12 – 13h (Workshop) - 14/12 – Praça da Poesia, 16h (Apresentação)
– 14/12 – 8h (Workshop) - 16/12 – Instituto Aciesp, 16h (Apresentação)
– 16/12 – 8h (Workshop)
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