Christian Campoçano Leitheim, de 27 anos, e Stephanie de Jesus da Silva, 26, padrasto e mãe da menina, foram considerados culpados pela morte de Sophia Ocampo, de 2 anos e 7 meses.
Conforme informações do Campo Grande News, o réu foi condenado a 32 anos de prisão, sendo 20 anos homicídio doloso (com a intenção de matar) por motivo fútil e meio cruel e mais 12 anos pelo estupro de Sophia. Já a ré teve pena calculada em 20 anos por se omitir do dever de cuidar ao ponto de permitir o assassinato.
A criança morreu por sofrer trauma raquimedular na coluna cervical (nuca) e hemotórax bilateral (hemorragia e acúmulo de sangue entre os pulmões e a parede torácica). Exame necroscópico também mostrou que a criança sofria agressões há algum tempo e tinha ruptura cicatrizada do hímen – sinal de que sofreu violência sexual pelo menos 21 dias antes da análise –, além de vermelhidão e inchaço na região íntima, indício de estupro recente.
Para a acusação, Sophia morreu após ser espancada pelo padrasto com a conivência da mãe. A defesa de Stephanie alegou que a mãe não sabia o quanto o marido era cruel com a filha, não testemunhou agressões no dia anterior à morte e nem enquanto estava no mesmo ambiente, enquanto advogados de Christian alegaram que a lesão fatal pode ter sido piorada enquanto o casal tentava, erroneamente, socorrer a criança em convulsão. Não levantaram hipótese de como o trauma na coluna cervical surgiu e quem o provocou, mas o réu negou ter sido ele o causador do ferimento que levou a menina à morte.
Já a advogada Herika Ratto apresentou aos jurados uma nova explicação para o óbito, isentando a cliente de qualquer participação. Levantou a tese de que Sophia morreu quase que de forma instantânea após entrar no banheiro de casa com o padrasto pouco antes de ser levada pela mãe à UPA, onde o óbito foi constatado.
A defesa de Stephanie também pediu clemência para a cliente, alegando que ela estava presa no ciclo da violência doméstica ao ponto de não conseguir proteger a filha. A própria ré chamou o ex-marido de pedófilo, psicopata e manipulador. “Um monstro”.
Rebatendo os defensores da ré, a advogada Janice Andrade, assistente da acusação, fez discurso emocionado. “Eu sou mãe, e me recuso chamar ela de mãe, ela é genitora. Porque mãe cuida, mãe protege. Vieram aqui falar que não sabem o que aconteceu aquele dia. Como que não sabem? Sendo que quem estava lá eram só os dois”.
Por maioria, ambos foram considerados culpados e o juiz Aluízio Pereira dos Santos, que presidiu o julgamento, partiu para o cálculo das penas chegando ao total de 52 anos de prisão. Os réus ainda podem recorrer da sentença.