Mato Grosso do Sul deu um passo decisivo na agenda ambiental e climática ao ser considerado elegível para certificação e futura comercialização de 86 milhões de toneladas de carbono no bioma Cerrado. O reconhecimento foi aprovado na última terça-feira (14) pela Comissão Nacional para REDD+ (CONAREDD+), do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, habilitando oficialmente o Estado a acessar recursos internacionais voltados para a conservação das florestas e redução de emissões de gases de efeito estufa.
A decisão consolida Mato Grosso do Sul entre os protagonistas nacionais na mitigação das mudanças climáticas, com políticas reconhecidas pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC).
Segundo o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, o resultado reforça a estrutura institucional do Estado para conduzir projetos sustentáveis de alto impacto.
“Essa decisão reconhece a capacidade técnica, jurídica e institucional do Governo do Estado para coordenar o programa jurisdicional de REDD+ em Mato Grosso do Sul”, afirmou.
Captação de recursos e certificação de créditos
Com a elegibilidade reconhecida, o Estado agora poderá avançar para a verificação e certificação dos créditos de carbono gerados pela redução do desmatamento e da degradação florestal. De acordo com o secretário adjunto da Semadesc, Artur Falcette, o potencial econômico do programa é significativo.
“Nossa expectativa é que apenas em créditos de REDD+ o potencial esteja na casa de R$ 1 bilhão. Vamos lançar em breve um chamamento público para estruturar o REDD+ jurisdicional em todo o território estadual”, explicou.
A certificação será realizada com base em padrões internacionais de rastreabilidade e governança ambiental, garantindo credibilidade no mercado global de carbono.
Benefícios para toda a sociedade
Além do REDD+, o governo estadual também trabalha em um programa de restauração de áreas degradadas dentro das unidades de conservação estaduais, que deve ampliar ainda mais o potencial de geração de créditos ambientais.
“Os recursos seguirão um sistema de repartição de benefícios, permitindo que diferentes setores da sociedade participem dos resultados financeiros. O edital de chamamento deve ser lançado ainda este ano, com execução a partir de 2026”, reforçou Falcette.
Reconhecimento nacional
A resolução oficial da CONAREDD+ será publicada nos próximos dias. A aprovação incluiu também o estado de Goiás, que passa a integrar o bloco de unidades federativas aptas a acessar financiamentos climáticos internacionais.
A defesa técnica da proposta sul-mato-grossense foi realizada pelo engenheiro florestal Fábio Bolzan, da Semadesc, durante a 6ª Reunião Ordinária do CONAREDD+.
“Cumprimos todas as exigências legais e técnicas para estruturar o REDD+ de forma transparente e eficiente”, destacou Bolzan, lembrando que o trabalho teve apoio do Earth Innovation Institute.
Compromisso ambiental de MS
Mato Grosso do Sul se destaca pela riqueza ambiental, com três biomas em seu território:
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Cerrado – 62,2%
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Pantanal – 27,3%
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Mata Atlântica – 10,5%
Ao todo, o Estado preserva mais de 110 mil km² de vegetação nativa remanescente, fundamentais para a regulação climática e preservação da biodiversidade.
Com políticas públicas consistentes e sistemas de monitoramento ambiental, MS vem reduzindo as emissões ligadas ao uso da terra e consolidando seu projeto Carbono Neutro até 2030.











