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Internas do Estabelecimento Penal Feminino de Campo Grande iniciam cursos de graduação

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A educação, frequentemente apontada como instrumento de transformação social, ganhou um novo e poderoso significado dentro do Estabelecimento Penal Feminino de Regimes Semiaberto e Aberto de Campo Grande. Pela primeira vez na história da unidade, internas deram início a cursos de graduação, marcando um momento inédito e carregado de esperança.

A iniciativa é fruto de uma parceria entre a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) e a Diretoria de Administração e Finanças (DAF), que viabilizou a criação de um espaço dedicado aos estudos. A nova sala foi equipada com três computadores seminovos, com acesso à internet, adaptada tanto para o ensino presencial quanto para a modalidade de Ensino a Distância (EAD).

Na última semana, três internas iniciaram seus cursos superiores em uma faculdade particular, nas áreas de Pedagogia, Sociologia e Segurança no Trabalho. Dividindo o tempo entre o trabalho no Fórum e os estudos — realizados das 7h30 às 10h —, as reeducandas demonstram disciplina e determinação para reescrever suas histórias. Importante destacar que são as próprias internas que custeiam os estudos, evidenciando ainda mais o compromisso com o recomeço.

A Divisão de Educação da Diretoria de Assistência Penitenciária (DAP) foi responsável pela orientação das internas quanto às opções de matrícula, além de articular, em parceria com a Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul (Funtrab), a oferta de cursos profissionalizantes futuros.

Gláucia Thayse Santa Cruz Gimenez, que cursa Sociologia, expressou sua gratidão pela oportunidade. Mãe solteira, ela lembra que os estudos sempre foram um sonho adiado pela responsabilidade de criar os filhos sozinha. “Agradeço a dedicação da unidade penal por nos permitir começar a realizar uma parte do nosso sonho. Além disso, também posso ter remição na pena e voltar para minha vida”, disse emocionada.

Outra aluna, Josiane Firmino da Cruz, mãe de dois filhos, reforçou a importância desse novo caminho: “Quero mostrar que nunca é tarde para recomeçar. Desde que cheguei aqui, venho lutando para isso. Combinando o estudo ao trabalho, poderei voltar para casa o quanto antes. Agradeço por tudo”, afirmou.

Para Cleide Nascimento, diretora do presídio, a iniciativa representa muito mais do que uma conquista individual. “A educação se apresenta, mais uma vez, como um caminho potente de reconstrução e dignidade, capaz de romper ciclos, acender novas esperanças e abrir portas onde antes, muitas vezes, só havia muros”, ressaltou.

A expectativa é que o número de internas cursando graduação cresça nos próximos meses, com a chegada de novos equipamentos e a adesão de outras interessadas. Embora exista a possibilidade legal de frequentarem cursos externos com autorização judicial, a oferta interna facilita a conciliação entre trabalho e estudo.

Atualmente, segundo a Divisão de Educação da Agepen, 78 reeducandos e reeducandas do sistema prisional de Mato Grosso do Sul estão matriculados em cursos de nível superior, enquanto um realiza pós-graduação. Outros 632 estudam o ensino médio e 1.423 estão no ensino fundamental.

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