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Ex-delegado é assassinado pelo PCC e sindicato critica governador Tarcísio por omissão na segurança

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Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado geral de Polícia do Estado de São Paulo, foi assassinado na noite desta segunda-feira (15/09) em uma aparente emboscada no município de Praia Grande (SP), no litoral paulista, onde era secretário municipal de Administração.

Um vídeo da ação mostra um carro em alta velocidade, onde estava Fontes, virando em uma avenida até colidir com um ônibus. O carro capota, até que outro veículo chega com homens fortemente armados. Esses deixam o veículo e atiram no carro capotado onde estava Fontes. Depois, voltam ao veículo e fogem do local.

Duas pessoas que estavam na área foram feridas.

O governo estadual determinou a criação de uma força-tarefa para “prender os criminosos” que executaram o assassinato, segundo declarou em suas redes sociais o secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Guilherme Derrite.

De acordo com Derrite, a força-tarefa foi uma “prioridade definida” pelo governador Tarcísio de Freitas.

A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo divulgou nota na qual lamentou “com profundo pesar a morte do delegado Ruy Ferraz Fontes […] vítima de um atentado no bairro Vila Mirim”.

O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) manifestou pesar pela “perda irreparável” de Fontes — que era um dos principais expoentes no combate ao crime organizado, com “reconhecida atuação contra a facção Primeiro Comando da Capital”.

O sindicato também criticou o governo do Estado de São Paulo.

“A ação que resultou na execução de Ruy Ferraz Fontes, o qual, há poucos anos, ocupou o cargo de comando máximo da Polícia Civil bandeirante, escancara a forma como o Governo do Estado de São Paulo cuida de seus policiais mais dedicados, ao mesmo tempo em que torna gritante a necessidade de a Polícia Civil ser melhor tratada, com efetiva valorização de seus profissionais, mais contratações e aumento nos investimentos em estrutura física e de materiais”, afirma a nota.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou que a morte de Ruy Fontes foi “um assassinato brutal” que “mostra o nível de violência que grassa no Brasil e também em outros países”.

O ministro, antes de seguir para uma audiência na Câmara dos Deputados para debater a PEC da Segurança Pública, que conversou com o governador de São Paulo para oferecer apoio do governo federal ao que for necessário para a investigação.

“As investigações estão em aberto, não temos nada de concreto ainda, mas certamente serão bem conduzidas pela Polícia de São Paulo, com o apoio, se necessário, do governo federal e da Polícia Federal”, afirmou.

Lewandowski não descartou se o assassinato tem relação com o crime que aconteceu Aeroporto de Guarulhos em novembro de 2024, quando Vinícius Gritzbach, ex-colaborador e delator da facção PCC, que foi executado a tiros.

“O crime organizado é um fenômeno global que infelizmente se espalha pelo mundo, diria que é algo inclusive semelhantes às guerras regionais, à crise climática e às migrações. É um fenômeno que precisa de um combate coordenado, abrangente e cooperativo, não só a nível nacional quanto internacional.”

Em nota, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública manifestou profundo pesar pela morte “de um dos primeiros delegados a investigar, identificar e responsabilizar chefes de facções criminosas”.

A entidade cobrou uma investigação rápida do Estado já que o crime, “um atentado brutal e premeditado”, traz característica que mostram que foi feito por pessoas com treinamento e expertise nesse tipo de ação, “que busca retaliar, amedrontar e subjugar as forças de segurança pública”.

“A morte do ex-Delegado Ruy Ferraz Fontes não pode ficar sem resposta das autoridades, que precisam agir de maneira enérgica, porém técnica. Prestamos nossa mais profunda solidariedade a familiares e amigos neste momento de dor e acreditamos que seu trabalho de quatro décadas dedicadas à segurança pública será reconhecido.”

Quem era Ruy Ferraz Fontes?

Ruy Ferraz Fontes tinha 63 anos e era formado e pós-graduado em Direito e foi delegado de polícia desde 1988. Ele trabalhou por 15 anos em uma delegacia especializada em roubo a bancos.

Fontes era tido como um dos maiores especialistas no Brasil nas ações do Primeiro Comando da Capital (PCC) e um pioneiro no combate ao grupo.

Em maio de 2006, ele estava no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), onde investigava o PCC, quando a facção fez uma série de ataques no Estado de São Paulo, matando mais de 500 civis e 50 agentes públicos.

Sua equipe indiciou todos os principais líderes do PCC nas ações relacionadas a aqueles ataques, isolando os criminosos em presídios de segurança máxima.

Por suas ações contra o PCC em 2006, ele recebeu no ano seguinte a medalha Tiradentes, da Câmara Municipal de São Paulo.

Mas as medidas contra o PCC transformaram Fontes em um alvo da facção criminosa.

Em 2019, a imprensa noticiou que o líder máximo do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, teria ordenado a morte de três integrantes da Polícia Civil de São Paulo — entre eles o delegado Ruy Ferraz Fontes. A informação era baseada em uma investigação do Ministério Público de São Paulo que revelou uma carta com detalhes da operação do PCC contra os policiais.

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