Durante a audiência pública “A crise dos Hospitais Filantrópicos e o atendimento na Santa Casa de Campo Grande: debates e soluções” realizada na tarde de ontem (17) na Assembleia Legislativa (ALEMS), foi apontado um déficit anual de R$ 158,85 milhões no maior hospital do Mato Grosso do Sul.
O diretor técnico da Santa Casa, William Leite Lemos Júnior, detalhou a situação financeira com base em dados de 2024, ele informou que a receita anual do hospital é de R$ 383,579 milhões e os custos fixos e variáveis somam R$ 542,438 milhões, resultando em saldo negativo de R$ 158,858 milhões. Mensalmente, o déficit é de R$ 13,238 milhões.
A conta não fecha em todos os setores e especialidades. Na ginecologia e obstetrícia (parto), por exemplo, déficit anual é de R$ 7,2 milhões e, por mês, de R$ 600,35 mil. Na hemodiálise, o resultado anual é negativo em R$ 1,3 milhão; na linha de transplante renal, de R$ 1,05 milhão; na oncologia ambulatorial, de R$ 579,19 mil. O Pronto-Socorro da Santa Casa tem saldo negativo anual de R$ 26,14 milhões e a UTI Congênita, de R$ 4,54 milhões.
Essa situação está sendo discutida entre a Santa Casa, o Governo do Estado e o Ministério Público Estadual, segundo foi informado pelo diretor William Leite.
A presidente da Santa Casa de Campo Grande, Alir Terra, enfatizou que a Tabela SUS não condiz com as necessidades reais dos hospitais filantrópicos e que o problema é sistêmico. “A Tabela SUS, que foi aprovada em 2007 e promulgada em 2008, é impraticável para os hospitais filantrópicos. Não cobre os custos do que nós atendemos. Aqui ninguém está procurando culpados. É um sistema. E esse sistema precisa ser modificado. Se isso não acontecer, vamos perder vidas”, alertou.
Entre as alternativas para reduzir a crise financeira da Santa Casa, está a possibilidade de recebimento de emendas federais no valor de R$ 25 milhões. Também foi proposto esforço dos entes federados para aumentar os valores repassados à Santa Casa. No caso do município de Campo Grande, há a possibilidade de majoração da média de R$ 5 milhões para R$ 7 milhões em repasses.