A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira (12) uma operação para desarticular um amplo esquema de fraudes contra aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Segundo as investigações, servidores do órgão público teriam sido corrompidos para fornecer dados sigilosos de beneficiários, que eram então usados por associações fraudulentas para aplicar descontos indevidos diretamente na folha de pagamento.
A operação, autorizada pelo ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), cumpriu dois mandados de prisão preventiva e 13 mandados de busca e apreensão nos estados de São Paulo e no Distrito Federal. A estimativa é que os desvios tenham causado um prejuízo de até R$ 6,3 bilhões entre os anos de 2019 e 2024.
Entre os alvos da ação está Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “Careca do INSS”, apontado como lobista e articulador do esquema. Ele foi preso em Brasília. Também foi detido o empresário Maurício Camisotti, em São Paulo, acusado de ser sócio oculto de uma das entidades envolvidas nas fraudes.
De acordo com a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU), as entidades investigadas operavam como associações de fachada, que atuavam com a conivência de servidores do INSS corrompidos. Esses servidores teriam fornecido acesso a dados sigilosos de beneficiários, como nome completo, CPF, número do benefício e informações bancárias.
Com essas informações, as associações realizavam cadastros indevidos, falsificavam assinaturas e autorizavam descontos mensais diretamente nos benefícios dos aposentados, sem consentimento. Em muitos casos, os próprios idosos desconheciam que estavam “associados” a qualquer entidade.
Há registros de beneficiários que foram filiados a várias associações no mesmo dia, com erros de grafia repetidos nas fichas o que, segundo os investigadores, comprova o caráter sistemático e fraudulento do esquema.
As apurações revelam que Antunes, um dos principais operadores do esquema, transferiu R$ 9,3 milhões entre 2023 e 2024 para pessoas ligadas a servidores do INSS. A Polícia Federal suspeita que esses repasses tenham sido pagamentos de propina para garantir o acesso contínuo às bases de dados e facilitar a inclusão fraudulenta dos descontos.
A operação também cumpre mandados na residência e escritório do advogado Nelson Wilians, em São Paulo, onde foram apreendidas obras de arte e itens de alto valor. Em nota, sua defesa afirma que ele “tem colaborado integralmente com as autoridades” e acredita que a investigação provará sua inocência.
Além das prisões e buscas, foram apreendidos veículos de luxo, entre eles uma Ferrari, uma Land Rover, um Porsche, uma Mercedes-Benz e até um carro de Fórmula 1. A ostentação contrasta com o perfil das vítimas do esquema — aposentados e pensionistas, muitos em situação de vulnerabilidade social.